Publicada no Jornal Zero Hora em 15/06/2017
Quando a corrupção corre na frente, todos perdem a maratona. As figuras dos ramos político ou empresarial, envolvidas em escândalos, parecem argutas, mas ao passo que engrossam fortunas, submetem seus próprios descendentes à persistência no terceiro mundo. Por mais privilégios que possam ter, os familiares dos corruptíveis, vez ou outra, colocam o nariz na civilização e estão sujeitos aos mesmos problemas que os demais (com exceção dos que mudam para o Exterior).
Já se vão algumas décadas em que governos de diversas ideologias perderam a oportunidade de mudar este país e levá-lo para outro patamar de desenvolvimento. Basta visitarmos escolas ou hospitais públicos para verificarmos que o salto necessário não foi dado. É avassalador pensar que existia capacidade financeira para isso, vide as verbas impressionantes do BNDES destinadas às propinas.
Por isso, fico confusa ao ouvir impetuosas justificações a respeito da conduta de diversos personagens públicos envolvidos nos escândalos atuais. Sem a pretensão de julgar a simpatia por determinados partidos ou figuras políticas, apenas me sinto chateada ao perceber que certos debates ainda comparam as proporções dos desvios, como se alguma escala de imoralidade fosse relevante ou salvasse alguém no cenário. Ainda mais frustrante é perceber que muitas pessoas desejam o retorno de políticos já denunciados, como se a renovação política não fosse uma necessidade urgente.
Neste contexto, observo que são perspicazes as observações ou teorias elaboradas sobre os interesses envolvidos nas manifestações, nos movimentos que organizam protestos, nas diferentes mídias. Entretanto, a incoerência facilmente contamina os discursos quando há defesa de algum lado. Fatos recentes demonstram que o poder e o dinheiro se sobrepuseram a quaisquer ideologias.
Deveríamos nos unir em favor de causas, como a educação. Infelizmente, no Brasil desta década, ao defendermos partidos, movimentos ou até pessoas, arriscamos contribuir para a perpetuação de projetos de poder. E continuamos fora do pódio.
Muito bom, Vanessa. Já tinha lido na época da publicação na ZH. Vale a leitura muitas vezes. As eleições se aproximam e acho que vai continuar tudo igual. Lamentável!
Mesmo assim, não perco a esperança de que haja um mundo e um Brasil melhor para os teus filhos e os meus netos. Quem sabe!
Beijo
Obter o Outlook para iOS ________________________________
CurtirCurtir
Obrigada Zu, não podemos perder a esperança nunca!
CurtirCurtir